PARTE I I: PRÉ-MILENISMO E O MILÊNIO
Israel and the Church
08/03/2021
EM DEFESA DO PRÉ-MILENISMO: PARTE I
03/09/2021

PROFECIAS REFERENTES AO MILÊNIO.

A promessa de terra em perpétua possessão está relacionada à concepção de um reino futuro, com um rei – o Messias Jesus, que inaugurará um reino teocrático, em substituição ao reino sem pecado, que Deus ofereceu a Adão.

Se a aliança Abraâmica não foi totalmente cumprida, nem muitas promessas proféticas do Velho Testamento referentes ao reino, como de Isaías, Ezequiel, Daniel, Jeremias, Joel, Zacarias e outros, como explicar a ausência de um reino futuro terreno?

Não seria possível, que as características desse reino fossem cumpridas no Novo Céu e na Nova Terra, pois este diz respeito ao Estado Eterno, pouco revelado no que se refere às suas características.

Com a 2ª vinda de Cristo à terra e a conversão de Israel, pode ser cumprida a promessa incondicional de um reino teocrático e dirigido “pela raiz de Davi” – Jesus Cristo. Para que isso aconteça, Israel e as nações deverão passar antes por sete anos da tribulação, a qual é referida por Daniel e descrita no livro do Apocalipse (ler” Entendendo o Apocalipse” de Zélia Fávero Maranhão no site:
https://www.zeliafaveromaranhao.com.br/

Antes da entrada no reino milenar acontecem os seguintes fatos:

-Vinda de Cristo em pessoa

-Vitória de Cristo sobre o Anticristo e seu exército (Campanha de Armagedom)

-Conversão de Israel como nação

-Castigo do Anticristo e do Falso Profeta

-Prisão de Satanás ou Dragão durante 1000 anos

-Julgamento de Israel

-Julgamento das nações

Esses dois últimos em nada se parecem com o Julgamento do Trono Branco, que julga cada um, e que condena às penas eternas aqueles que rejeitaram Cristo como salvador.

Como o Senhor estará na terra, há necessidade de um julgamento para separar aqueles que aceitaram Jesus Cristo como salvador, e os que o rejeitaram na nação de Israel e nas outras nações. Jesus, no sermão de Mateus 24 e 25, dá a cronologia. No cap 25:1-30, por meio das parábolas das dez virgens e dos talentos, Jesus se refere ao julgamento de Israel e, dos versos 31 a 46, ao julgamento das nações.

 Julgamento de Israel

Esse julgamento será na terra porque o Senhor estará na terra.  No capítulo 20 Ezequiel localiza o julgamento no deserto dos povos. Pentecost sugere que o lugar seria nos limites da terra de Israel, como ocorreu nos julgamentos dos Israelitas em Cadesch-Barnea, quando os rebeldes foram proibidos de entrar na terra prometida. O Messias fará separação entre os salvos e não salvos. Estes serão destruídos e os salvos entrarão para usufruir do reino milenar: o Milênio.

Esse julgamento inclui, portanto, toda a nação de Israel

Ezequiel 20:34-39

33  Vivo eu, diz o Senhor Deus, que com mão forte, e com braço estendido, e com indignação derramada, hei de reinar sobre vós.

34  E vos tirarei dentre os povos, e vos congregarei das terras nas quais andais espalhados, com mão forte, e com braço estendido, e com indignação derramada.

35  E vos levarei ao deserto dos povos; e ali face a face entrarei em juízo convosco;

36  Como entrei em juízo com vossos pais, no deserto da terra do Egito, assim entrarei em juízo convosco, diz o Senhor Deus.

37  Também vos farei passar debaixo da vara, e vos farei entrar no vínculo da aliança.

38  E separarei dentre vós os rebeldes, e os que transgrediram contra mim; da terra das suas peregrinações os tirarei, mas à terra de Israel não voltarão; e sabereis que eu sou o Senhor.

39  E farei passar esta terceira parte pelo fogo, e a purificarei, como se purifica a prata, e a provarei, como se prova o ouro. Ela invocará o meu nome, e eu a ouvirei; direi: É meu povo; e ela dirá: O Senhor é o meu Deus.

Julgamento das nações

 O local de julgamento ocorre no vale de Josafá, cuja localização é desconhecida. Existem várias opiniões sobre esse fato. Pentecost sugere um vale, que se formará quando Cristo vem a Jerusalém e o monte se parte em dois, formando um vale entre eles, o qual não existe atualmente. (Zc 14:4-5)

 JOEL3:11-14

11  Ajuntai-vos, e vinde, todos os gentios em redor, e congregai-vos. Ó Senhor, faze descer ali os teus fortes;

12  Suscitem-se os gentios, e subam ao vale de Josafá; pois ali me assentarei para julgar todos os gentios em redor.

13  Lançai a foice, porque já está madura a seara; vinde, descei, porque o lagar está cheio, e os vasos dos lagares transbordam, porque a sua malícia é grande.

14  Multidões, multidões no vale da decisão; porque o dia do Senhor está perto, no vale da decisão.

15  O sol e a lua enegrecerão, e as estrelas retirarão o seu resplendor.

16  E o Senhor bramará de Sião, e de Jerusalém fará ouvir a sua voz; e os céus e a terra tremerão, mas o Senhor será o refúgio do seu povo, e a fortaleza dos filhos de Israel.

Mateus 25:31-35

31  E quando o Filho do homem vier em sua glória, e todos os santos anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória;

32  E todas as nações serão reunidas diante dele, e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas;

33  E porá as ovelhas à sua direita, mas os bodes à esquerda.

34  Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo;

35  Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me;

O destino dos salvos, que estiverem vivos à volta de Cristo, é participação do Milênio e dos não salvos, a destruição.

O MILÊNIO: O GRANDE REINO DE DEUS NA TERRA

 Terminado o tempo dos gentios, que vigora desde a invasão de Israel pela Babilônia em 586 AC, Israel passa a ser o centro do governo messiânico e Cristo o Rei sobre a terra, quando Satanás estará preso durante mil anos (Ap 20:1-3)

O reino messiânico durará mil anos e esse número é literal e não alegórico. João usa mil seguido de anos 6 vezes no capítulo 20 de Apocalipse, especificando o que representa.  (Ap 20:1-7)

Apocalipse 20:4

E vi tronos; e assentaram-se sobre eles aqueles a quem foi dado o poder de julgar. E vi as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta nem a sua imagem, e não receberam o sinal na testa nem na mão; e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos.”

Tanto aos ressurretos do tempo da Igreja, como aos mártires da Grande Tribulação, está prometido que reinarão com Cristo durante mil anos.

Não há detalhes de como Cristo exercerá o seu reinado.

O milênio será um tempo em que o Messias será rei, e  regerá com vara de ferro. (Ap 19:15)

Sobre o rei Jesus:

Gaebelein interpreta sobre o rei Jesus, o Messias: O Senhor Jesus Cristo reinará supremo sobre todos; seu trono está acima da terra na Nova Jerusalém.

Ele visitará a terra e manifestará Sua glória como Rei dos Reis e Senhor dos Senhores. Isso provavelmente aconteça durante as grandes celebrações da festa dos tabernáculos, quando as nações enviarem representantes a Jerusalém para adorar o Rei, o Senhor dos Exércitos (Zc 16:16). No trono de Davi sentará esse príncipe de Davi como vice-regente. (GAEBELEIN, op. cit., pp. 314-5) cit por Pentecost, pg 530 (Tradução)

Zacarias 14:16

6  E acontecerá que todos os que restarem de todas as nações que vieram contra Jerusalém, subirão de ano em ano para adorar o Rei, o Senhor dos Exércitos, e para celebrarem a festa dos tabernáculos.

Como o reino milenar é o cumprimento da aliança incondicional prometida a Israel, na qual havia uma condição: aceitar o Filho de Deus – Jesus Cristo – como seu Messias, é de se esperar que Israel terá um papel importante nesse reino, e as profecias do VT devem ser examinadas.

O MILÊNIO EM EZEQUIEL

 A revelação do Rei e do seu grande reino, no livro do Apocalipse, está intimamente ligada ao Velho Testamento e, em especial, com o livro de Daniel. Não é possível estudar Apocalipse sem estudar Daniel. (Vide estudo neste blog). Por outro lado, cada profeta oferece alguns detalhes do reino e do seu rei, que precisam ser analisados.

Neste artigo será abordada a profecia de Ezequiel com referência a esse assunto.

Em Ezequiel, encontram-se descrições de acontecimentos, que ainda não ocorreram e só podem existir num reino futuro na terra, uma teocracia governada por Jesus Cristo, que é a figura central do Reino. Entre esses acontecimentos estão: a distribuição da terra de Israel entre as 12 tribos, a porção santa da terra, o templo como lugar de adoração, a volta da Glória do Senhor e as comemorações oficiais. Não se pretende esgotar aqui todas as descrições encontradas nesse livro, mas apenas aquelas que salientam que Ezequiel descreve uma época futura.

EZEQUIEL 37

21  Dize-lhes pois: Assim diz o Senhor Deus: Eis que eu tomarei os filhos de Israel dentre os gentios, para onde eles foram, e os congregarei de todas as partes, e os levarei à sua terra.

22  E deles farei uma nação na terra, nos montes de Israel, e um rei será rei de todos eles, e nunca mais serão duas nações; nunca mais para o futuro se dividirão em dois reinos.

23  E nunca mais se contaminarão com os seus ídolos, nem com as suas abominações, nem com as suas transgressões, e os livrarei de todas as suas habitações, em que pecaram, e os purificarei. Assim eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus.

24  E meu servo Davi será rei sobre eles, e todos eles terão um só pastor; e andarão nos meus juízos e guardarão os meus estatutos, e os observarão.

25  E habitarão na terra que dei a meu servo Jacó, em que habitaram vossos pais; e habitarão nela, eles e seus filhos, e os filhos de seus filhos, para sempre, e Davi, meu servo, será seu príncipe eternamente.

26  E farei com eles uma aliança de paz; e será uma aliança perpétua. E os estabelecerei, e os multiplicarei, e porei o meu santuário no meio deles para sempre.

27  E o meu tabernáculo estará com eles, e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo.

28  E os gentios saberão que eu sou o Senhor que santifico a Israel, quando estiver o meu santuário no meio deles para sempre.

Repartição da terra de Israel

Os limites da terra são referidos em Ez 47:13-23, e a distribuição da terra será diferente daquela da entrada do povo na terra prometida após o Êxodo (Ez 48:1-8;23-29); (Fig1 e Fig2)

Zacarias 14:16

6 E acontecerá que todos os que restarem de todas as nações que vieram contra Jerusalém, subirão de ano em ano para adorar o Rei, o Senhor dos Exércitos, e


Fig 1 Distribuição da terra de ISRAEL à entrada da Terra Prometida, no fim do Exodo

Fig 2 Distribuição da terra de ISRAEL no reino milenar


 Porção santa da terra

Ezequiel, nos capítulos 45 de 1-8, refere que haverá uma porção, que tem a forma de um quadrado com 25000 ¹canas de lado, divididos em três áreas: uma área que ocupa 10000 canas de largura por 25000 de comprimento, onde ficam o templo, os pátios e as casas dos sacerdotes; uma área igual com as casas dos levitas e outra menor de 5000 canas de lado e 25000 canas de comprimento, onde se encontra uma cidade com a forma de um quadrado e, nas laterais da cidade, uma porção para uso da cidade.

Essa área é descrita em Ezequiel 45.

Ezequiel 45:1-8

1  QUANDO, pois, repartirdes a terra em herança, oferecereis uma oferta ao Senhor, uma porção santa da terra; o seu comprimento será de vinte e cinco mil canas e a largura de dez mil. Esta será santa em toda a sua extensão ao redor.

2  Desta porção o santuário ocupará quinhentas canas de comprimento, e quinhentas de largura, em quadrado, e terá em redor um espaço vazio de cinqüenta côvados.

3  E desta porção medirás vinte e cinco mil côvados de comprimento, e a largura de dez mil; e ali estará o santuário, o lugar santíssimo.

4  Esta será a porção santa da terra; ela será para os sacerdotes, ministros do santuário, que dele se aproximam para servir ao Senhor; e lhes servirá de lugar para suas casas, e de lugar santo para o santuário.

5  E os levitas, ministros da casa, terão em sua possessão, vinte e cinco mil canas de comprimento, para vinte câmaras.

6  E para possessão da cidade, de largura dareis cinco mil canas, e de comprimento vinte e cinco mil, defronte da oferta santa; o que será para toda a casa de Israel.

7  O príncipe, porém, terá a sua parte deste e do outro lado da área santa, e da possessão da cidade, diante da santa oferta, e em frente da possessão da cidade, desde o extremo ocidental até o extremo oriental, e de comprimento, corresponderá a uma das porções, desde o termo ocidental até ao termo oriental.

8  E esta terra será a sua possessão em Israel; e os meus príncipes nunca mais oprimirão o meu povo, antes deixarão a terra à casa de Israel, conforme as suas tribos.

O 3º templo

É descrito nos capítulos 40-46:24 de Ezequiel com detalhes que cobrem todos esses capítulos.

O templo será construído na primeira área descrita acima e é diferente de todos os anteriores.

Ele se situa dentro de um pátio interno, onde é construído o altar dos holocaustos. Um segundo pátio e um terceiro, que é o pátio dos gentios, completam a área do templo.

O templo de Salomão possuía dimensões muito menores, sendo descrito em I Reis:

I Reis 6 e 7:13:51.

2  E a casa que o rei Salomão edificou ao Senhor era de sessenta côvados de comprimento, e de vinte côvados de largura, e de trinta côvados de altura.

9  Assim, pois, edificou a casa, e a acabou; e cobriu a casa com pranchões e tabuados de cedro.

10  Também edificou as câmaras em volta de toda a casa, de cinco côvados de altura, e as ligou à casa com madeira de cedro.

20  E o oráculo no interior era de vinte côvados de comprimento, e de vinte côvados de largura, e de vinte côvados de altura; e o revestiu de ouro puro; também revestiu de cedro o altar.

Nota-se que o Santo dos Santos é um cubo, o mesmo ocorrendo com o lugar Santíssimo de Ezequiel, descrito com as mesmas medidas.

O segundo templo, que foi ampliado por Herodes, tinha uma área de 144.000 m2 e o terceiro, o de Ezequiel, a área é de 2.480.625 m2.

Ezequiel 41:4

4  Também mediu o seu comprimento, vinte côvados, e a largura, vinte côvados, diante do templo, e disse-me: Esta é a Santidade das Santidades.

 Nesse templo futuro, portanto, haverá um Lugar chamado Santidade das Santidades (Ez 41:4) com as mesmas dimensões e a mesma forma do primeiro templo: um cubo.

Nele não há referência aos utensílios, à arca, nem aos querubins, nem ao véu que cobria a entrada do Santo dos Santos.

A última referência à arca encontra-se em Apocalipse 11:19

 19  E abriu-se no céu o templo de Deus, e a arca da sua aliança foi vista no seu templo; e houve relâmpagos, e vozes, e trovões, e terremotos e grande saraiva.

Na realidade Cristo, com sua morte, entrou uma vez por todas no Santo dos Santos ( Hb 9:11-12), dando acesso livre para os crentes ao trono da graça.

Hebreus: 9:11-12

11  Mas, vindo Cristo, o sumo sacerdote dos bens futuros, por um maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, isto é, não desta criação,

12  Nem por sangue de bodes e bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção.

Os sacrifícios serão realizados num altar situado no centro do pátio interno.

A forma de adoração no reino milenar não está baseada na Aliança Mosaica, mas na   Aliança Abraâmica, Palestínica e Davídica (9)

Existem semelhanças, mas também muitas diferenças entre elas.

A volta da Glória do Senhor

No capítulo 10, Ezequiel descreve a saída da Glória do Senhor pela porta oriental, em consequência dos pecados do povo de Israel.

No capítulo 43 ele relata a volta da Glória do Senhor:

Ezequiel 43:4-12

4  E a glória do Senhor entrou na casa pelo caminho da porta, cuja face está para o lado do oriente.

5  E levantou-me o espírito, e me levou ao átrio interior; e eis que a glória do Senhor encheu a casa.

6  E ouvi alguém que falava comigo de dentro da casa, e um homem se pôs em pé junto de mim.

7  E disse-me: Filho do homem, este é o lugar do meu trono, e o lugar das plantas dos meus pés, onde habitarei no meio dos filhos de Israel para sempre; e os da casa de Israel não contaminarão mais o meu nome santo, nem eles nem os seus reis, com suas prostituições e com os cadáveres dos seus reis, nos seus altos,

8  Pondo o seu limiar ao pé do meu limiar, e o seu umbral junto ao meu umbral, e havendo uma parede entre mim e eles; e contaminaram o meu santo nome com as suas abominações que cometiam; por isso eu os consumi na minha ira.

9  Agora lancem eles para longe de mim a sua prostituição, e os cadáveres dos seus reis, e habitarei no meio deles para sempre.

10  Tu, pois, ó filho do homem, mostra à casa de Israel esta casa, para que se envergonhe das suas maldades, e meça o modelo.

11  E, envergonhando-se eles de tudo quanto fizeram, faze-lhes saber a forma desta casa, e a sua figura, e as suas saídas, e as suas entradas, e todas as suas formas, e todos os seus estatutos, todas as suas formas, e todas as suas leis; e escreve isto aos seus olhos, para que guardem toda a sua forma, e todos os seus estatutos, e os cumpram.

12  Esta é a lei da casa: Sobre o cume do monte todo o seu contorno em redor será santíssimo; eis que esta é a lei da casa.

 1. A partir do versículo 13 do capítulo 43, Ezequiel passa a descrever as medidas do altar e os sacrifícios dos animais, que devem ser feitos e que somente sacerdotes levitas, da ordem de Zadoque, podem participar. Em Ez 43:19 e 44:15-30, Ezequiel faz também referência ao” príncipe”, o qual terá algumas prerrogativas reais, mas também função sacerdotal. Ele será alguém escolhido dentre o povo, mas não se sabe quem é esse personagem.

Deve ser humano, porque há referência sobre seus filhos e um legado a eles. (Ez 46:16-17)

Pentecost comenta:

Já que as Escrituras revelam que o governo do milênio estará sob a autoridade de Cristo, que será exercida em submissão a Ele por homens escolhidos (Mt 19.28; Mt 25.21 e Lc 19.17), não há conflito em ver o príncipe como vice-regente em submissão a Cristo”. (Pentecost, p.530)Tradução.

O que a Bíblia não revela, não há como concluir sobre esse assunto.

Celebrações no Milênio

Zacarias 14:16

16E acontecerá que, todos os que restarem de todas as nações que vieram contra Jerusalém, subirão de ano em ano para adorar o Rei, o Senhor dos Exércitos, e para celebrarem a festa dos tabernáculos.

Ezequiel 45:17

17  E estarão a cargo do príncipe os holocaustos, e as ofertas de alimentos, e as libações, nas festas, e nas luas novas, e nos sábados, em todas as solenidades da casa de Israel. Ele preparará a oferta pelo pecado, e a oferta de alimentos, e o holocausto, e os sacrifícios pacíficos, para fazer expiação pela casa de Israel.

No capítulo 45, a partir do verso 13, Ezequiel apresenta a descrição das ofertas e sacrifícios. Do v. 21-25 ele se refere às comemorações:

-No primeiro mês, no primeiro dia do mês – purificação do santuário, a qual é repetida no sétimo  dia do mês

– Páscoa, uma festa de 7 dias, no dia 14 do primeiro mês. Deverão  comer pães asmos, com holocaustos nos 7 dias

– Festa dos Tabernáculos- no sétimo mês, no dia 15, durante sete dias

Foram excluídos:  Festa de Pentecostes e Dia da Expiação, evidência de que não há mais necessidade deles no calendário obrigatório do Milênio, pois Cristo já fez expiação pelos pecados com sua morte na cruz e o Espírito Santo já veio, no dia de Pentecostes,  fato esse descrito no livro de Atos dos Apóstolos. Chama atenção o fato de que a Festa dos Tabernáculos é o único tipo do Velho Testamento, que ainda não foi cumprido.

É difícil de explicar o porquê dos sacrifícios no milênio, em face da obra de Jesus Cristo já realizada na cruz. Uma das explicações: teria o mesmo significado que a Ceia do Senhor para os crentes do tempo da Igreja, ou seriam apenas símbolos, que apontariam para o sacrifício de Jesus Cristo. Outros acham que seria um memorial dos antigos sacrifícios.

Outra característica que revela que o lugar não é o mesmo:

Ezequiel 47:1-12 dá a descrição de águas, que saem de debaixo do umbral da casa para o oriente, em direção ao mar; águas que davam pelos joelhos de Ezequiel, pelos lombos, e eram profundas. Elas depois se transformam em um ribeiro, que não se podia atravessar. Nas suas margens muitas árvores, que dão fruto para se comer: “ o seu fruto servirá de alimento, e a sua folha, de remédio”. (Ez 47:12 )

Haverá abundância de peixes e, quem entrar no ribeiro, por essas águas sarará.

Ezequiel 47:8-9

8.Então disse-me: Estas águas saem para a região oriental, e descem à campina, e entram no mar; e, sendo levadas ao mar, sararão as águas.

  1. E será que toda criatura vivente que vier por onde quer que entrarem esses dois ribeiros viverá, e haverá muitíssimo peixe; porque lá chegarão essas águas e sararão, e viverá tudo por onde quer que entrar esse ribeiro

Só pode ser o mar morto que passará a ser local de criação de peixes.

A cidade “o Senhor está ali”.

Segundo Ezequiel ela mede 4500 canas de lado (Ez 48:32-34)

Trata-se de uma cidade de forma quadrada cercada de muros com 12 portas, onde estão escritos os nomes das doze tribos de Israel, distribuídos de 3 em 3 de cada lado: norte, sul, leste, oeste.

 Ezequiel 48:30-35

30  E estas são as saídas da cidade, desde o lado norte: quatro mil e quinhentas canas por medida.

31  E as portas da cidade serão conforme os nomes das tribos de Israel; três portas para o norte: a porta de Rúben uma, a porta de Judá outra, a porta de Levi outra.

32  E do lado oriental quatro mil e quinhentas canas, e três portas, a saber: a porta de José uma, a porta de Benjamim outra, a porta de Dã outra.

33  E do lado sul quatro mil e quinhentas canas por medida, e três portas: a porta de Simeão uma, a porta de Issacar outra, a porta de Zebulom outra.

34  Do lado ocidental quatro mil e quinhentas canas, e as suas três portas: a porta de Gade uma, a porta de Aser outra, a porta de Naftali outra.

35  Dezoito mil canas por medida terá ao redor; e o nome da cidade desde aquele dia será:

 A medida dessa cidade é diferente daquela da Nova Jerusalém, que é enorme (Ap 21:16)

Ela também é descrita também com lados iguais:

Ap 21:16

16E a cidade estava situada em quadrado; o seu comprimento era tanto como sua largura. E mediu a cidade com a cana até doze mil estádios; e o seu comprimento, largura e altura eram iguais.

Dá a impressão de que a cidade de Ezequiel é tipo da Nova Jerusalém, porque   no muro desta haverá doze portas com os nomes das doze tribos de Israel. No entanto, na Nova Jerusalém, seu muro terá 12 fundamentos, onde estarão escritos os nomes dos 12 apóstolos do Cordeiro (Ap 21:12-13) e será habitada por pessoas ressurrectas, que em vida aceitaram Jesus Cristo como seu Salvador.

Pelas outras referências bíblicas sobre o Milênio e a Nova Jerusalém sabe-se que, na entrada do milênio, só entrarão pessoas vivas salvas pelo sangue de Cristo.

0 livro de Ezequiel termina com a seguinte frase:

Ezequiel 48:35

35  Dezoito mil canas¹ por medida terá ao redor; e o nome da cidade desde aquele dia será: o Senhor está ali.

É interessante notar que o nome Jerusalém não é mencionado nos capítulos 40 a 48 mas continuará a existir, pois, segundo Zacarias, de Jerusalém sairão águas vivas que correm para o mar oriental e ocidental, dando a impressão de que Jerusalém ocupará um espaço bem maior, sendo aberta e sem muros e será o centro da terra e do governo no milênio. (Is 2:2; Jr 31:6; Mq 4;1-2; Zc 2:11-12)

Parece que a cidade “O Senhor está ali”, que é murada, seria uma parte da grande Jerusalém

Zacarias 14:8

 8  Naquele dia também acontecerá que sairão de Jerusalém águas vivas, metade delas para o mar oriental, e metade delas para o mar ocidental; no verão e no inverno sucederá isto.

Como Ezequiel dá medidas precisas de todas as áreas e são muitos detalhes, o aprofundamento desse estudo pode ser encontrado no livro de  Roger Liebi ( 6 )

[1] cana= 3,15 m aproximadamente se o côvado considerado for de 52,5cm ; e se considerado como  44,4cm seria 2,22m . 5000 canas=15,75 km com uma área total de  248,0625 km2

 

BIBLIOGRAFIA

  1. Alexander, T. Desmond. The city of God and the goal of creation. Wheaton, Illinois: Crossway, 2018.
  2. Almeida, D.F. O Reino Messiânico: Porto Alegre: as nações, Israel e a Igreja, Porto Alegre: Actual Edições, 2014.
  3. Bíblia Sagrada. Tradução Revista e Corrigida.  São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1995.
  4. Ice,T; Demy,T. A Verdade Sobre o Templo do Milênio. Porto Alegre: Actual Edições, 1999. Tradução do original The Truth About the Last Day´s Temple.
  5. Lieth, N. Por que justamente Israel? Porto Alegre: Actual Edições, 2009.Trad do original: Warum gerade Israel?
  6. Liebi, R. Ezequiel. Porto Alegre: Chamada, 2016 . Tradução do original: Hezekiel.
  7. Maranhão, Z.F. Entendendo o Apocalipse, 2001 – https://www.zeliafaveromaranhao.com.br/
  8. McClain, A.J. The Greatness of the Kingdom. Winoma Lake, Indiana: BMH Books Ed, ed.,1992
  9. Pentecost, J. D. Things to come. Grand Rapids, Michigan: Zondervan Plublishing House, 1972.
  10. Rhodes, R. A cronologia do fim dos tempos: uma revisão geral da Profecia Bíblica. Porto Alegre: Chamada, 2016. Tradução do original: End times in cronological order, 2012.
  11. Woods, A.M. O reino vindouro: o que é o reino e por que ele ainda não está presente? Porto Alegre: Chamada, 2020.

 

Marialda Hofling de Padua Dias

Setembro de 2021